segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quando as Boas Vindas Não Condizem com a Realidade do Ambiente


O profeta era aclamado a cada grito rachado que dava. Fez tanta propaganda sobre o que Deus faria naquela noite que por algum motivo, Ele não fez. No final, rouco e com olhar agora singelo, o profeta pediu desculpas ao dirigente da reunião, alegando que não estava em um de seus melhores dias.


Você já se sentiu enganado por algum produto que adquiriu e que não era nada do que o comercial anunciava. Sim, não fiz uma pergunta. É uma afirmação mesmo.

Que sensação horrível. É como ver aquele BigMac na propaganda extremamente atrativo, e se deparar com um chulado sanduíche em miniatura. Algumas vezes a gente até tenta ver com outros olhos, relevando as nítidas desvantagens, mas no interior, onde as idéias se processam, sabemos quando algo não está como deveria.

Quando se trata do Evangelho, a coisa é bem mais complicada. Toda a descrição do produto está exposta no manual. Mesmo assim a maioria quase absoluta adere ao produto acreditando naquilo que os vendedores anunciam.

Sendo assim, pesa uma responsabilidade muito grande sobre todos os que anunciam, quanto à veracidade do que está escrito, coerência e a compatibilidade com o uso diário.

Pense duas vezes antes de oferecer algo parecido com um kit de mágica, na tentativa de atrair o maior número possível. Pense duas vezes antes de contar algo mais parecido com uma fábula moderna ao invés de desmistificar a realidade das Boas Novas na contemporaneidade. Não há porque ter receio de trazer “confusão” na cabeça das pessoas quando a única coisa que o conhecimento da verdade produz é libertação.

Se fazer de tolo para ganhar os tolos é diferente de apregoar uma mensagem tola.

Boa semana.

F.Sales


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ontem Eu vi Deus




Ontem eu vi Deus.
Manhã gélida e comum no centro da minha cidade quando o ônibus parou no semáforo.

A gente olha para fora e vê de tudo. Pessoas tristes, cansadas, alegres, famílias, vendedores, estudantes...

E bem ao meu lado uma situação comum envolta do inusitado. Uma moradora de rua, deitada sobre papelões recebendo a visita de duas moças com um cobertor nas mãos.

Acredite, a cena paralisou quem estava por perto. Principalmente porque estamos em baixa temporada para tais atitudes (alta temporada = natal). Um cara até perdeu o sinal aberto e teve que atravessar depois, de tanto olhar a situação.

Procurei naquelas mulheres algum significado para a atitude, mas não achei nada visível. Nenhuma camiseta de ONG, igreja ou ministério; nenhum panfleto nas mãos. Não havia marketing. Só carregavam duas coisas: o cobertor e um sorriso.

A moradora de rua aceitou o presente e mais, deixou-se ser coberta.

Aconchego.
A gente percebe o bem que faz uma atitude de aconchego. Como minha filha que não consegue conter o sorriso quando eu a cubro, deixando-a bem quentinha e protegida.

Isso me rendeu um dia inteiro de reflexão. Sobre pessoas, sobre o que tenho feito e principalmente sobre a prática daquilo que eu verbalizo como crença.

Lembrei do levita e do sacerdote, que ao verem um homem agonizando no chão da estrada, fizeram questão de passar para o outro lado e continuaram seu percurso, enquanto outro homem que só passou por ali porque estava viajando teve compaixão.

É no mínimo interessante! Homens que se conduziam todos os dias ao templo para buscar a Deus não perceberam que Deus estava ali, na beira do caminho.

O contato com a graça divina faz a gente perceber como Ele é bom e nós não somos.
E que não há outra forma de sermos parecidos com Ele do que quando somos humanos com a dor do próximo.

Ninguém jamais viu a Deus; se nos amarmos uns aos outros,
Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós.
I João 4:12


F. Sales

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Auto-Engano

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Você pode chamar qualquer coisa do que quiser.
Mas não pode mudar o que elas são de verdade.

Pode chamar mentira de ”brincadeirinha”, mas não muda o fato de que quem ouviu se sentiu enganado.

Pode chamar egoísmo de “saber se amar”, mas não pode impedir que outros sejam prejudicados pelas escolhas do SEU EU.

Chame autoritarismo de “senso de responsabilidade”, mas o custo de não admitir falhas alheias é sempre o aparecimento de sulcos emocionais (alheios);

Grite aos quatro cantos que almeja as “grandes coisas de um Deus grande”, mas não conseguirá cobrir com um manto a ganância que pulsa em seu interior.

Estufe o peito ao afirmar que “é pregador de poder”, mas estará estampado em seu rosto que o que você procura é chamar atenção.

Deixe ecoar seus questionamentos sobre as igrejas como se fossem frutos de um genuíno desejo por justiça, enquanto tornam-se visíveis as feridas de sua alma.

O que é verdade é.
O que não é incha, apenas para se tornar manifesto.

O que você fala revela o que está levedando, fermentando em seu coração. E como não é pelo muito falar que somos ouvidos, torna-se evidente, mesmo que aos poucos, quando agimos como tolos. Cedo ou tarde todos percebem.

E percebem porque hão de perceber mesmo. Mas problema maior é para quem se encontra assim. Lutando para preservar uma imagem já em decomposição, como Naamã ou repetindo o que ouviram, como os filhos de Ceva. Seja como for, a conseqüência é trágica.

Todos os dias eu luto contra o auto-engano, contra a confissão positiva quando esta quer me empurrar ao precipício do egocentrismo, dizendo que eu sou o que EU SEI que não sou.

Baixa auto-estima?
Pior, senso do ridículo.
  
Quero o melhor de Deus porque não acredito que exista o pior Dele. Mas não posso acreditar no “vós sois deuses” como sendo o espinafre para o Popeye. Acredito na paternidade, não nos super poderes. Ele é Deus e se referiu a nós como deuses; se fosse Madeira, teria dito “vós sois madeirites”, penso eu.

Optei pela vida comum (aquela real, mas que não anula o sobrenatural) e estou aprendendo a conviver com essa escolha, acreditando que reconhecer os erros faz muito bem pra alma embora seja um desastre para o ego.


F.Sales

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sexo Entre Jovens: Coando o Mosquito e Engolindo o Tiranossauro




Carlos Moreira

Pastor, sexo antes do casamento é pecado?”. Se você é um clérigo ou um líder, esta é uma das perguntas que você mais ouve quando está no meio de jovens. Obviamente, a grande maioria responde: “sim, é pecado”. E eu, o que penso sobre o tema? Bem...

Eu penso que a igreja trata a questão como se ela não existisse, quase com desdém. O “problema” só se materializa quando aquele casalzinho que senta lá no canto, acompanhado ou não da família, nos procura no gabinete pastoral para informar-nos que, em 9 meses, teremos mais um membro para ser batizado na família de Deus! Aleluia!...

A verdade é que a igreja, normalmente, faz vista grossa para essa questão. O casal está ali, juntinho, namorando e, se não der bobeira, se transar com camisinha, se fizer tudo direitinho, não vai ser muito incomodado pela ortodoxia doutrinária vigente. Aqui, ali, terá de ouvir coisas do tipo: “fornicação é pecado”; “quem transar antes de casar perde a benção de Deus”; “masturbação entristece o Espírito”; e por aí vai... Ora, isso tudo, com um pouco de cinismo e cara de pau, dá para ir levando. Dá?...

Agora, quando a “bomba” explode, e o bebê está a caminho, aí a coisa muda de figura, pois todo mundo fica furioso, sobretudo a “fariseada”. Engravidou, tem que casar! Será?... O casalzinho, coitado, será exposto aos extremos, execrado, em alguns casos, ficará afastado temporariamente da Ceia, ou, em outros, submetido a uma “disciplina” maluca qualquer. Quase certamente, sofrerá muito mais do que seria preciso, contudo se tornará um “exemplo” para todos!

Ora, em tais situações, as conseqüências, obviamente, virão em curtíssimo prazo, pois, sem apoio da comunidade, sem orientação e, em muitas situações, sem a ajuda da própria família, o jovem casal, sem qualquer preparo para a vida conjugal, estará separado em 1 ou 2 anos no máximo. Estou, neste momento, com um caso deste na igreja, herdado de outra “comunidade”...

Quer falar sério sobre o tema? Quer tratar a situação com coragem? Então vamos às Escrituras. Qual o padrão bíblico para casamento? Vou simplificar: deixar pai e mãe, ou seja, possuir capacidade de romper os vínculos emocionais e financeiros com a família; voto público, que é assumir para a sociedade, seja pela via do casamento civil ou do religioso, que os dois passam a constituir uma família, com todas as implicações vigentes; e, finalmente, manter relação sexual.

Nos dias de Isaque e Rebeca a coisa era assim, muito simples. O garoto começava a se coçar demais, olhava as cabras de forma estranha, e aí o Pai, macaco-velho, dizia: “este menino está precisando casar”. Arrumava-se uma noiva, da parentela mesmo ou da vizinhança, desde que fosse da mesma fé, o pai doava ao filho um pedaço de terra, meia dúzia de cabras, uma vaca leiteira e pronto! O sujeito entrava na cabana com sua “gazela” e estava tudo consumado. Que benção!

E como é hoje? O menino e a menina chegam aos 15, 16, 17 anos e começam a namorar.  Estão terminando o ensino médio e ainda terão pela frente o vestibular e 4 ou 5 anos de faculdade.  Vencida esta etapa precisarão trabalhar, conseguir um bom emprego. Em seguida, vão comprar um carro legal, depois o apartamento financiado e, só então, poderão pensar em se casar. E olha que eu estou falando de jovens cristãos sérios, que começaram a namorar com o propósito de, um dia, se casarem. Mas, convenhamos, eles são à exceção da exceção da exceção!

Ora, eu sei, por experiência, que a grande maioria da meninada quer é curtir a vida, “ficar” bem muito ao invés de namorar, que dá muito mais trabalho, transar o tanto que puder, pois muitas relações darão mais experiência – trágico equívoco – e, só quando se estiver chegando na casa dos 30 é que começarão a desacelerar o “motor” para pensar em constituir algo sério, ou seja, casar.

Agora, uma questão: pensando no primeiro exemplo, o do jovem casal cristão sério, que começou a namorar cedinho, o que eles farão para segurar os hormônios nesta sociedade erotizada na qual vivemos, onde propaganda de pneu tem mulher pelada? Me responda mesmo: dos 15 até chegarem aos 30 anos, quando estarão em condições, dentro dos padrões estabelecidos em nossa cultura, para se casar, como eles lidarão com estas questões? Vão jejuar e orar? Ora meu mano, faça-me o favor... Você fez isso?

Aí vem a igreja, e seus ilustres representantes, naquela santidade medieval, e diz para o casalzinho: “olha, vocês devem se guardar um para o outro. Sexo antes do casamento é pecado, viu?”. E fica a meninada com a pulha na cabeça: transar ou não transar, eis a questão! E ainda tem umas almas sebosas que dizem: “quem estiver abrasado, então que se case”. Ótima solução! Quero eu lhe dizer que o sujeito não está abrasado não, ele está em chamas já há muito tempo! Isso é que é fogo!

Na verdade, em determinadas circunstâncias, só existem dois caminhos: como pastor, sei o que estou afirmando: ou o cara deixa a namorada “em paz” e vai para a internet ver sacanagem de todo tipo e, como o pecado só se aprofunda, pois “um abismo chama outro abismo”, mas cedo ou mais tarde ele estará com prostitutas em sua cama, ou vai transar com a “irmãzinha” e ficarão os dois num complexo de culpa sem fim, pois recairá sobre eles toda a ortodoxia protestante dogmática e fundamentalista pregada e inoculada em suas mentes durante anos. Estou exagerando?!

Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento”. Ec. 11:9.

Estou eu aqui aconselhando os casais de namorados a transar? Não coloquem palavras em minha boca! Sou defensor de uma teologia liberal e por isso não levo em consideração os preceitos de santidade das Escrituras? Vocês não me conhecem para afirmar isto. Então, o que estou querendo dizer, afinal? Duas coisas: discernirmos o tempo em que vivemos, com todas as suas idiossincrasias, e investirmos na formação de uma geração que tenha uma consciência compatível com o Espírito do Evangelho. O mais, queira me desculpar, é tapar o sol com a peneira, é tratar da conseqüência, e não da causa, é jogar o “lixo” para debaixo do tapete.
 
O texto de Eclesiastes nos dá uma dica do que podemos fazer! Ensinar os jovens! Podemos dizer-lhes “façam suas escolhas, tracem seus caminhos, sigam suas rotas, construam seus mapas, aproveitem a vida! Mas saibam: tudo na existência humana tem conseqüência, pois há um princípio bíblico que afirma que aquilo que o homem semear, isto também ceifará”. Fato é que Deus criou o sexo e o casamento com um propósito e, só imersos em Sua vontade, nos realizaremos em nossa sexualidade e conjugalidade.

Olha moçada, namorar com 10, 20, 30 pessoas diluirá sua alma, banalizará em seu coração o significado de relacionamento, tornará o sexo coisa trivial e não aquilo para o qual ele foi concebido. Você perderá todas as referências sobre lealdade, amizade, cumplicidade e, dificilmente, será capaz de construir uma família sadia, um casamento bem sucedido, uma relação para toda a vida, pois a frase “que seja eterno enquanto dure”, fica linda do ponto de vista da poesia, mas, existencialmente falando, é um desastre sem precedentes. 


Sei que este é um tema que ninguém quer tratar, ou escrever, pois é “nitroglicerina” pura! Almocei hoje com um amigo que me disse: “tu vais mexer nisso?”. Eis aí um de nossos problemas: evitar lidar com o que está diante de nossos olhos! A igreja, no que diz respeito a estas questões sexuais, e olha que eu estou só levantando a ponta do iceberg, prefere coar o mosquito e engolir o tiranossauro rex, é viver no “faz de conta”.

Se eu tenho a solução? Ora, isso é um problema que cada um deve lidar, pois cada um construirá na terra seu caminho com Deus e isso conforme sua própria consciência. Fico impressionado como crente gosta de fórmulas feitas para resolver suas questiúnculas. Agora, quanto a mim, perdoem-me a sinceridade, prefiro engolir o mosquito e, de preferência, com Coca-Cola.


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