quinta-feira, 29 de julho de 2010

A falta de conhecimento de Deus


"Agora, qual é o problema aqui? Há uma falta de conhecimento de Deus. Muitos de vocês, talvez pensem: "Oh, falar sobre os atributos de Deus e teologia, é tudo coisa alta, de "torres de marfim", que não tem aplicação prática".

Ouça a você mesmo, dizendo que o conhecimento de Deus não tem aplicação prática. Você sabe por que todas as suas livrarias cristãs estão preenchidas com livros de auto-ajuda e “cinco maneiras de fazer isso” e “seis maneiras de ser piedoso” e “10 maneiras para não cair”? Porque as pessoas não conhecem a Deus. E por isso elas precisam de toda sorte de pequenos dispositivos triviais da carne para mantê-los andando como ovelhas devem andar.
[...]
Por que há um pecar desenfreado mesmo entre o povo de Deus? A falta de conhecimento do Deus. De Deus.
[...]
Não pode haver temor de Deus entre nós porque não há conhecimento de Deus entre nós. "

Paul Washer

Indicado por Neto Rodrigues via Buzz.

Blindado por Deus - Matéria da revista Trip


[ Bruno Torturra e Caio Ferretti ]

[Revista Trip]


No fogo cruzado da guerra travada entre polícia e tráfico de drogas, um homem circula imune. Respeitado por bandidos e políticos, por comunidades carentes e pelo Bope, o pastor Rogério Menezes conquistou esse privilégio graças à sua neutralidade e sua sincera missão: salvar vidas e resgatar almas. Conheça o homem que, há 17 anos, pacifica o Rio de Janeiro usando o Verbo como arma.
Marilzilda Cruppe/EVE

Os traficantes rezam com granadas na cintura, mas seus fuzis estão escorados no muro

Foi uma revelação. Não uma espiritual, ao contrário. Uma experiência de um extremo realismo, mas, qual uma epifania, capaz de transformar qualquer um que a viva. De mãos dadas, formamos uma roda de 13 homens. Uma mão ligada a um rapaz de 20 anos, líder do tráfico de oito favelas cariocas. Outra ligada ao pastor Rogério, que conduz a oração. “Ó, Pai celestial, abençoa esses homens, Pai! Protege esses homens, Pai.” Estamos na calçada em frente a um terreno baldio, dentro de uma favela na zona norte carioca. É começo de madrugada. Três homens estão de escolta, seguram fuzis AR-15, um deles uma metralhadora. E todos vestem cintos que sustentam pistolas e granadas. “Pai, afaste o mal daqui, tira todo pensamento maligno. Proteja a vida deles, ó, Pai!” Temos os olhos fechados e oramos com a cabeça baixa. Os traficantes rezam com granadas ainda na cintura, mas seus fuzis e escopetas estão escorados no muro atrás de nós. Seus walkie-talkies seguem nervosos em chiados: “O blindado tá na ponte, câmbio”.

O aviso era claro. O caveirão do Bope estava pronto para invadir a favela. E quando chega o caveirão, irmão, não tem conversa. É bala. “Ó, Pai celestial”, segue o pastor Rogério, “desvie as balas que vierem na direção desses homens. Permita que eles vivam mais e que deixem esse caminho e encontrem a salvação em Teu filho amado Jesus!” A voz do pastor precisava soar bem alto para ser escutada enquanto carros passavam em alta velocidade e rapazes com meio corpo para fora da janela gritavam a letra do funk pancadão que estourava no toca-fita. Era sábado, dia de baile. Dia em que tráfico, polícia e população da favela estão em alerta e excitação máximas.
“Palmas pra Jesus”, Rogério encerra a oração. Todos aplaudem, os homens do tráfico penduram em si o arsenal e saem em dois automóveis para esperar o Bope em melhor posição. Apenas um fica, dizendo: “Tranquilo... o caveirão ainda tá longe”. E pede uma bênção exclusiva ao pastor. Enquanto o rapaz gaba-se de ser piedoso, apesar de vez ou outra picotar inimigos com uma espada, explica por que está sem medo de morrer. “Se eu for passado tá tranquilo. Vou com Jesus amarradão”, resume ao pastor que, compassivo, escuta a tudo com olhar neutro. “Você ainda vai sair daqui comigo para a igreja. Vai ser pastor”, profetiza um dos maiores, e invisíveis, pacificadores da guerra travada no Rio de Janeiro.

Há 17 anos Rogério Menezes trabalha assim, entrincheirado nos piores núcleos da violência e do crime organizado, tentando pacificar e evangelizar criminosos na ativa ou em presídios. E, como a reportagem pôde testemunhar, criou uma reputação e um respeito tão grandes dentro das comunidades e facções que ele consegue entrar em qualquer favela, conversar com qualquer bandido, qualquer chefe de morro. E pode, sem nenhum constrangimento, levar consigo dois repórteres a tiracolo. Em uma noite andamos na perua de um procuradíssimo assaltante que, ostentando ouro e histórias tenebrosas, atende ao pedido do pastor Rogério para nos falar sobre como funciona seu negócio. Demos plantão em frente a uma boca de fumo onde, com frequência, soldados do tráfico armados com calibrosas armas desciam das motos, despiam-se de armas e pediam cabisbaixos uma oração a Rogério. Cruzamos uma deserta fronteira entre duas facções rivais do tráfico e fomos recebidos com igual disposição.

Tamanha credibilidade de Rogério vem de duas fontes: sua neutralidade ao caminhar na inflamada ponte entre polícia, tráfico, milícias e facções; e seu passado. Ele também veio de uma vida criminal. E sabe, de experiência própria, quais são os demônios no coração de um homem à margem da lei e da sociedade. Ele é fruto e catalisador de uma conhecida realidade, mas pouco testemunhada pela mídia: o avanço das religiões evangélicas dentro das comunidades carentes. E, especialmente, dentro do tráfico de drogas. “Todo traficante acredita muito em Jesus”, é o que escutamos da boca de Rogério e de diferentes traficantes.
Bruno Torturra Nogueira
Rogério em uma das várias pinturas religiosas nas favelas da zona  norte
Rogério em uma das várias pinturas religiosas nas favelas da zona norte
Por conta de seu acesso, seu carisma e seus promissores resultados, o AfroReggae (influente ONG carioca que cria pontes entre as comunidades carentes, Estado e empresas como forma de desenvolvimento social) contratou o pastor Rogério para suas fileiras. “Ele se arrisca de uma maneira muito intensa, faz algo que nunca vi”, resume José Júnior, criador da ONG. “Como mediador e salvador de vidas ele é imbatível. Se mete em confusões que ninguém se meteria. E não julga quem está salvando, não importa quem é... o negócio é salvar vidas. Por isso os bandidos o respeitam. Hoje ele mistura religiosidade a projetos sociais”, completa. Rogério coordena um programa em presídios para a reinclusão de ex-detentos no mercado de trabalho. E, claro, usa a evangelização como a principal ferramenta de transformação. De noite, no entanto, faz o trabalho “voluntário” de visitar as comunidades onde é chamado para dar bênçãos e salvar vidas amarradas para morrer. É o caso de Emerson.

Há três anos, Rogério recebeu um telefonema avisando que um moleque estava para ser executado. Entrou em seu Uno e se apressou para chegar ao líder do morro. Emerson estava um trapo humano. A cabeça aberta por pancadas de cano. Tiros nas mãos. A cara enfiada em fezes de porco. O estômago cheio de gasolina que foi obrigado a beber. Em minutos seria queimado vivo. Clamando por piedade e citando a Bíblia, Rogério levou Emerson para um hospital – três dias em coma. E de lá para a igreja. Renascido em Cristo e agora evangelizador, Emerson dá bênçãos junto com nosso pastor. E tornou-se amigo dos traficantes que o torturaram. Hoje ajuda a reduzir o número de execuções dentro do tráfico de drogas usando a Palavra como amaciante de corações implacáveis. É por essa estranha e bem-sucedida relação do crime organizado com o evangelho que começamos nossa entrevista.
“Pra chegar àqueles homens de fuzis e granadas, não dá para ser com blablablá”

Por que você acha que a igreja evangélica conseguiu crescer tanto dentro do tráfico?
Porque o evangelho é demonstração de virtude e poder. Pra chegar até aqueles homens armados de fuzis, pistolas, granadas, fortemente armados, não dá para chegar com blablablá. Mas, se você chega com poder, faz uma oração por eles, alguns caem no chão endemoniados. Aí as pessoas te dão credibilidade. E vão se convertendo. É por isso que hoje você quase não acha mais terreiro de macumba na favela. O próprio Bem-te-vi da Rocinha [que foi chefe do tráfico na favela] sentava-se comigo e chorava. Ele falava: “Pastor, a sociedade me marginaliza, fala que eu sou um exterminador, você sabe que eu não sou esse tipo de pessoa, minha vontade é de largar essa vida, mas não tenho apoio de ninguém”. E quando vi nos jornais aquele homem sendo carregado morto a minha alma se entristeceu, porque ele queria mudar, mas estava cercado por uma sociedade discriminatória.

Então o que a sociedade deveria saber sobre os bandidos para mudar essa percepção?
A minha fala para a sociedade é que dê uma oportunidade a uma pessoa dessa. Porque a maior parte deles está disposta a mudar, mas não veem meios para isso. O AfroReggae dá uma oportunidade para essas pessoas, as emprega, e temos tido um êxito muito grande. Uma pessoa que trabalha nesse programa, por exemplo, o Schneider, já chegou a comandar seis favelas do Rio de Janeiro, ganhava um salário altíssimo na vida do crime e hoje ele sustenta sua família com R$ 2 mil que ganha do AfroReggae. E está muito mais feliz. É um processo que temos, plantamos e vamos regando.

O trabalho que você faz não deixa o crime enciumado? Porque, se você fica tentando tirar pessoas do lado deles, é como se estivesse enfraquecendo o negócio.

Pelo contrário, eles até incentivam as pessoas a saírem. Até dizem: “Vai com Deus, o próximo serei eu. Vai lá, não esquece a gente, pode voltar pra comunidade quando quiser”. Eles sabem que o negócio não é bom.

Arquivo pessoal
O pastor em ação dentro dos presídios cariocas
O pastor em ação dentro dos presídios cariocas 
A imagem da maior parte da sociedade é que o traficante gosta do que faz.

As pessoas pensam assim porque é isso que elas veem. Dá no noticiário que tal pessoa estuprou, a outra matou 20 pessoas... E algumas vezes aquela pessoa está ali como bucha [na linguagem do crime uma pessoa que foi colocada para pagar o crime de outra]. Houve um erro na vida de uma pessoa e nós temos que riscar ela da sociedade? Muitos fatos não acontecem próximos de nós, e temos facilidade de julgar, de condenar. Se um dia um filho nosso comete um delito, por mais que seja errado, ninguém quer ver o filho arrancado da sociedade. E muitos criminosos, embora estejam naquela vida, armados, com cordão de ouro, assaltando, eles temem a Deus.

Mas que diferença faz temer a Deus se o cara continua matando ou roubando?
Mas não é da maneira como era antes. Quando pensam em tirar a vida, eles pensam duas vezes. Eles matam menos, e só alguns crimes que eles consideram imperdoáveis – o caguete, o estuprador. Mas é uma mudança gradual. O trabalho dos evangélicos mostra que essa força que faz uma pessoa estuprar, que faz uma pessoa caguetar, não são naturais do homem. Ou seja, está possuída de espírito maligno para tomar essas atitudes.

Então algumas pessoas são perdoadas pelo crime porque os traficantes entendem que elas estão possuídas?
Aconteceu uma vez de uma pessoa entrar numa comunidade batendo no peito dizendo que era de uma facção rival. O bando que estava em volta do chefe dizia: “Vamos matar”, e o próprio dono da comunidade dizia: “Rapá, vocês não tão vendo que essa pessoa, pra tomar uma atitude dessas, está mal acompanhada, os demônios estão naquela pessoa? Deixa pra lá”. Ou seja, os próprios bandidos têm essa visão. E Deus vai trabalhando na vida dessas pessoas através das visitas que nós fazemos.

E você sente que conseguiu reduzir o número de execuções feitas pelo tráfico com a evangelização?
Muito. O trabalho que os evangélicos têm feito colocou lá embaixo o número de pessoas sendo executadas. E muitas vezes um que estava amarrado para ser morto e foi liberado pelo traficante começa a fazer o trabalho de evangelização junto de nós. Vira pastor. E depois volta à comunidade para servir de exemplo. Aí os traficantes veem que tem jeito, que não precisavam ter matado. Aí eles próprios começam a acreditar que podem mudar também. Já houve caso de um bandido que estava prestes a matar uma
pessoa se lembrar de mim, e na mesma hora desistir de matar. Ele me disse isso, disse que ouvia minha voz dizendo “não mata, não mata”.

Divulgação
Rogério e o líder do AfroReggae, José Júnior, chegando para a  labuta, no presídio Gabriel Ferreira Castilho, mais conhecido como Bangu  3
Rogério e o líder do AfroReggae, José Júnior, chegando para a labuta, no presídio Gabriel Ferreira Castilho, mais conhecido como Bangu 3

E quem aceitou Jesus e continua no tráfico está salvo aos olhos de Deus?

Não, se ele continua no crime ainda não aceitou Jesus. A pessoa que aceita Jesus mesmo larga o tráfico. Mas você diz isso aos bandidos? O que falta para eles largarem as armas e o crime? Se a gente conseguisse criar uma lei que anistiasse as pessoas que quisessem largar mesmo... Que eles pudessem voltar à sociedade sem serem trancados. Vocês viram muitas pessoas armadas ali, mas com armas que há meses não foram acionadas. Por quê? Eles estão armados para se proteger, não estão usando aquelas armas pra cometer um delito. O problema é falta de oportunidade, tem gente ali que largou o crime, foi pra outro Estado, tentou trabalhar, mas tem antecedente, é procurado... aí teve que voltar pro crime. E está no tráfico? Está, mas não gosta. Mas se sair pode morrer, passar fome, ser preso...

Parece contraditório o tráfico incentivar a saída de pessoas do crime, quando aceita um menino de 10 anos que quer entrar para o crime.
É difícil falar isso, porque tem determinados lugares que eles não aceitam. Às vezes não é o tráfico que aceita, é a insistência daquele menor para estar ali, até pelo consumo hoje do crack. Com o consumo do crack hoje você vê crianças de 8, 9, 10 anos mergulhando no vício, e a opção deles é trabalhar para manter o vício. Vai esperar capinar um terreno, lavar um carro pra poder ter aquele dinheiro? A vontade dele é muito maior, porque o desejo dele de consumir a droga é muito mais intenso.

Ora por mim, pastor
No dia seguinte ao da primeira incursão nas comunidades dominadas pelo tráfico, combinamos de encontrar o pastor Rogério na avenida Brasil, em uma zona periférica do Rio, também sob a batuta de facções do crime organizado. Um cabreiro taxista nos leva e estranha ainda mais quando, ao telefone, Rogério nos avisa que seu carro quebrou na avenida. Deveríamos pegá-lo em outro canto. O taxista só se tranquiliza quando vê que nosso carona era um pastor, devidamente engravatado e de Bíblia em punho.





O pastor durante a parafinada e mundana adolescência de surfistaO pastor durante a parafinada e mundana adolescência de surfista




“Você vira aqui”, vai indicando Rogério, que logo pede: “O senhor se incomoda de entrar na comunidade?”. Era uma área disputada entre três facções. Nossa intenção era acompanhar um pouco mais da rotina de Rogério e ainda fazer algumas fotos com os traficantes. “Não tem problema”, tenta tranquilizar o pastor, “eu conheço o pessoal.” O taxista hesita e confessa: “Se o senhor não se importar, prefiro deixar vocês aqui. Vou ser honesto com vocês. Sou polícia militar”. E, para piorar, nosso chofer, além da patente, tinha uma arma no carro. Até Rogério concordou, melhor não arriscar. Meia-volta e rumamos para a casa do pastor, na baixada fluminense.

O PM taxista logo reconhece o passageiro, “você não é aquele pastor que vai aos presídios?”, e escuta interessado as histórias do passado de pecador de Rogério. Seu uso de cocaína, suas overdoses, suas dúzias de homens que salvou da execução dentro de favelas. Ao nos deixar no condomínio de casas de classe média na baixada fluminense, faz um pedido: “Ora por mim, pastor”.

Nosso pastor vive em uma vizinhança composta basicamente de policiais. Seu vizinho de muro é um delegado da polícia civil e até na sua área ele convive com armas à mostra. “Tem coronel que vai comprar pão com revólver na cintura. Aqui não tem assalto de jeito nenhum.” É uma rua tranquila e uma confortável casa onde vive com a mulher e a filha. Toda a renda do casal vem do AfroReggae. Sua esposa também trabalha para a ONG e ele mesmo não ganha soldo algum da Assembleia de Deus, onde prega aos domingos. Aliás, hoje, dia da entrevista que você agora lê, é domingo. E logo mais vamos zarpar para ver Rogério falando no púlpito. Mas, antes, queremos saber quem foi o rapaz que virou pastor.

Como foi sua adolescência?
Sempre morei aqui na Vila Norma, uma região de classe baixa. Meus pensamentos eram sempre de ter o melhor para mim, ter meu trabalho, comprar minha roupa, mesmo vendo a marginalidade.

Você já tinha contato com o crime?
As pessoas que moram na comunidade, mesmo sendo trabalhadoras, conhecem os traficantes. São pessoas nascidas e criadas juntas, mas por falta de opção algumas acabam ingressando na criminalidade. Mas pode ser um vizinho, um parente, entendeu? Eram pessoas que frequentavam os mesmos bailes que eu.

Tinha alguma profissão que você sonhava em seguir?
Sempre fui apaixonado por carros. Queria trabalhar com isso. E sempre gostei também do surf, teve épocas que eu ia pra praia pegar onda na Barra da Tijuca.

E você era bom?
Eu não era muito bom, não. Era mais de botar a prancha enterrada na areia pra mostrar pras pessoas. Mas eu gostava, frequentava os campeonatos no Recreio, no Pepê. Eu queria estar perto dos surfistas internacionais como Derek Ho. Também gostava muito de ir em festivais de rock.

O que você ouvia?
U2, The Smiths, Midnight Oil, Morrissey. Eu fazia coleção de discos, tinha mais de 70! Eu ia muito em discoteca, em shows do Plebe Rude, Capital Inicial, Legião Urbana... Era roqueiro.

Você tinha uma relação boa com seus pais?
Embora fôssemos pobres, eu tinha uma relação muito boa com eles. Mas meu pai teve uma vida de muito sofrimento, sempre dentro de hospital se recuperando de problemas gravíssimos. Certa vez ele puxou a gasolina com uma mangueira do tanque de um carro, acabou caindo na boca dele, foi pro hospital, teve uma parada cardíaca. O falecimento do meu pai desestruturou toda a família.

Aí seus problemas começaram?
Foi. Logo quando minha mãe decidiu arrumar uma outra pessoa e eu não aceitei. E ela falou: “Ou você aceita ou procura um outro lugar pra morar”. Decidi morar com um primo meu. E eu não conseguia mais ter ânimo para trabalhar, perdi meu emprego de office boy e me deu uma depressão muito grande. Eu nunca tinha experimentado nada. E me entreguei às bebidas com uns 18 anos. Comecei a beber, fumar cigarro. Depois maconha, cocaína...


“Os caras da DP queriam dinheiro pra me liberar. Como eu não tinha, o tráfico financiou”


E como você ganhava dinheiro?
Fazendo um adianto pra um traficante, usava minha casa para embalar as drogas. Muitas vezes quando a pessoa é viciada ela tenta se aproximar do traficante, porque ela não consegue manter o vício. E sendo amiga do traficante ela vai ter uma quantidade de cocaína que o traficante vai lhe dar.

Você era viciado, de não passar sem?
Sim. A ponto de dizer que eu ia morrer cheirando cocaína. E quase que eu morri. As duas overdoses que eu tive foram dentro de casa. Antes de misturar a cocaína com pó Royal pra vender, eu cheirava pura. Entrava em paranoias de achar que a polícia estava sempre prestes a me pegar. Até que um dia eu fui preso mesmo.

Como foi essa prisão?
Estava num baile com o gerente da boca de fumo. Tínhamos entrado com bastante cocaína e toda hora a gente ia pro banheiro pra cheirar. Chamamos a atenção do segurança, até que ele enquadrou a gente, chamou a polícia e já saímos algemados de dentro da discoteca. Como a gente tinha 25 g, fomos autuados por tráfico.

E você ficou preso?
Os caras da DP queriam dinheiro pra me liberar. Como eu não tinha, quem financiou foi o tráfico e fizemos o acordo com a polícia. É aquela situação... a pessoa que não tem a quem recorrer recorre a quem tem condições de ajudar. E quando eu recorri ao tráfico foi porque eu não tinha como me soltar.

E teve que trabalhar com eles para pagar a dívida?
Tive. Foi quando eu comecei a endolar a cocaína. E também era motorista do tráfico. Quando uma pessoa quisesse sair pra fazer um assalto eu tinha que estar à disposição. Mas eu não durei muito. Logo desisti.

E como você largou o tráfico?

Eu sempre falo que o que mais tira as pessoas da vida do crime é o evangelho. E o que me trouxe essa mensagem foi ver o gerente da favela, um cara poderoso, meu chefe, que tinha marcas de tiro no corpo, me dizer: “Rogério, a partir de hoje eu não vou ficar mais na boca. Eu vou para uma igreja. Vou entregar minha vida a Deus”. E aquilo me chamou muito a atenção.

Rogério e Júnior, do AfroReggae, mudando, dia após dia, a cabeça  dos detentos nos presídios do Bangu
Rogério e Júnior, do AfroReggae, mudando, dia após dia, a cabeça dos detentos nos presídios do Bangu
Foi o exemplo dele que te motivou a buscar a igreja?

Foi. Porque, se Jesus liberou um grande traficante, eu que era iniciante seria mais fácil. Já me vi enquadrado para ser morto e não me mataram. Teve também uma troca de tiros em que um inimigo mirou para me acertar e na hora passou uma pessoa na frente e tomou o tiro na cabeça. Aquele tiro era pra acertar em mim e pegou no morador que passou correndo na minha frente e caiu morto. E era um trabalhador, nem fazia o que eu fazia. Ali eu vi que Deus colocou a mão sobre mim, porque era pra eu ter morrido.

É possível a pessoa se transformar dessa maneira sem o evangelho?
É possível, mas há possibilidade de essa pessoa voltar a errar novamente.

Mas com o evangelho também há essa possibilidade...
Também. É uma luta. Tem uma passagem que diz que o diabo não se dá por derrotado.

É possível chegar ao paraíso por outras religiões? Ou sem nenhuma?
Rapaz, muitas pessoas dizem que todos os caminhos levam a Deus. Pelo meu pensamento, pelo conhecimento que tenho da Bíblia, Jesus diz assim: “Eu sou o caminho e ninguém vai ao Pai a não ser por mim”. Aí cada um que examine a Bíblia. O interior de cada um só quem conhece é Deus.

Se Deus é tão bom e poderoso, por que o mal prevalece tanto?
Prevalece porque Deus permite. Até quando o mal atinge uma pessoa é porque Deus quer mostrar o poder dele. A gente estava em uma guerra, mas uma guerra espiritual, uma guerra do bem contra o mal. Eu vou para aqueles lugares perigosos para fazer um trabalho que tem que ser feito. Mas está chegando o dia de Jesus voltar. Ele disse que voltaria quando tivesse terremoto, maremoto, pragas. Hoje isso está acontecendo. Se você reparar, o tempo está sendo abreviado, tudo passa muito mais rápido. Isso são sinais...

Então a volta de Jesus está para acontecer em pouco tempo?
Em pouco tempo. Olha aquele vulcão na Islândia, as chuvas no Rio de Janeiro, são muitos sinais. Deus está mostrando os sinais para que as pessoas despertem.

Falando em apocalipse, você acompanha a relação do governo com as comunidades carentes há mais de 20 anos. Vê alguma melhora nesse processo ao longo do tempo?
Na minha visão tem melhorado um pouco, tem novos programas sociais. É um problema que vem de muitos anos, não é um erro só nem há uma solução simples. Pra consertar isso o governo acaba agradando um lado, mas desagradando outros.

O que você pensa do governo Lula?
O ser humano vai muito pelo que ele ouve. Eu tinha uma grande má impressão do Lula. E tem momentos em que a gente se decepciona com os nossos pensamentos, e eu me decepcionei com os meus. Ele tem mostrado um governo muito bom com esses projetos no Rio de Janeiro, o PAC. O que ele fez em pouco tempo muitas pessoas não fizeram. É um governo que se destacou, até porque ele veio da miséria. No discurso de posse dele eu me emocionei. Porque na hora que ele chegou naquela posição ele deu toda a honra a Deus.

O que você acha dessa presença cada vez maior dos evangélicos na política?
Não me pergunta isso não, rapaz [sorri].

E o que deveria mudar dentro da polícia? Se fosse secretário de segurança, o que faria?
Isso aí é difícil de responder, entende? Muito delicado. Mas nós temos hoje um projeto do AfroReggae em parceria com a polícia civil que se chama Papo de Responsa. O coordenador desse projeto é uma pessoa que é da polícia civil mostrando a forma correta que a polícia tem que agir. É um grupo de policias civis em parceria com um grupo de ex-traficantes e ex-presidiários.

Muita gente diz que a melhor maneira de combater o tráfico seria legalizar as drogas. O que você acha disso?
É uma pergunta difícil, porque eu tenho uma resposta pro lado espiritual e uma pro lado social. Pelo lado espiritual é difícil liberar as drogas. Mas também tem o lado social, em que muitas autoridades estão chegando à conclusão de que seria boa a legalização. Numa entrevista assim eu fui pego de surpresa... É complicado falar para liberar, mas, se fizerem isso, o governo vai ter que tentar desincentivar as pessoas igual faz com o cigarro. E a renda da venda dessas drogas legalizadas tem que ser toda distribuída na área de recuperação, educação. Vai ter que investir mais nas igrejas evangélicas também, dar um apoio maior pra se fazer um trabalho de resgate das pessoas desse caminho.

E a polícia, pela sua relação próxima com o tráfico, não te vê como suspeito ou inimigo?

Não mesmo. Mas já aconteceu de eu estar em uma igreja e os policiais entrarem, me pegarem lá dentro e me baterem muito. Queriam que eu dissesse onde estava um traficante. Logo depois eu tive o apoio das autoridades, que viram que aqueles policiais estavam errados, disseram que eu poderia depor contra eles. Mas naquele momento eu preferi deixar de lado, acreditei na justiça de Deus. E aconteceu que aquele policial que invadiu a igreja, me pegou e me bateu hoje é meu amigo. É um evangélico.

Arquivo pessoal
Durante seu batismo católico
Durante seu batismo católico
Como é sua rotina de trabalho?

Eu costumo acordar por volta das 6h30, saio para o complexo penitenciário de Bangu e fico até umas 16h30. Na saída sempre tem o telefonema de alguma pessoa pedindo ajuda. Uma mãe que não consegue resgatar o filho do vício das drogas, pessoas amarradas para morrer, e isso vai até as três da manhã. Às vezes estou deitado com minha família, acordo com o telefonema avisando que tem gente pra ser executada. E eu saio pra resgatar.

O dízimo é parte importante na demonstração de fé da pessoa?
É uma das partes fundamentais, porque é bíblico pegar a décima parte do seu salário e dar para Deus. A igreja hoje é uma obra social muito grande. Porque uma pessoa, fiel ou não, procura a igreja para ser ajudada. E a igreja sempre dá uma cesta básica a uma pessoa, cuida de um órfão, de uma viúva... Jesus liberta a pessoa do cigarro, liberta da bebida, da maconha, da cocaína, da boate. Olha quanto dinheiro a pessoa joga fora. Se ela observar, ela dá 70% pro diabo. E por que ela não pode pegar 10% e investir no reino de Deus?

Igrejas evangélicas sofreram muitos escândalos envolvendo pastores e dinheiro. Você sofre preconceito por ser pastor?
Na verdade eu não sinto isso das pessoas porque não é de agora que elas me conhecem, é um trabalho de muitos anos. Mas todos sabem dos escândalos da igreja evangélica. Mas nós sabemos discernir onde está o bem, onde está o mal, mesmo dentro das igrejas Eu sei onde está o bem e onde está o mal.

Como você se prepara para ser um guia espiritual?
Tem um curso de teologia, tem cursos que igrejas oferecem, mas a maior orientação que eu recebi foi na prática, foi convivendo nas comunidades. Eu comecei dentro das comunidades por ser de uma, por eu ter saído daquela vida errada. Foi aí que eu comecei a visitar meus amigos que ainda se encontravam nas drogas, visitar meus amigos que estavam presos. E aquelas visitas se tornaram cultos dentro das delegacias, nas favelas. E assim fui me aperfeiçoando. Pra fazer um trabalho desses nas comunidades
é preciso ter um revestimento.

Vimos você orando por bandidos. E hoje um policial pediu sua bênção. E como é isso de orar para os dois lados de uma só guerra?
É uma guerra, e eu tenho que estar no meio disso como uma luz. O traficante tem o lado dele, e a polícia o dela. Eu não tenho lado. E eu sou respeitado pelo que eu faço, porque eles sabem que eu não levo perigo, sabem que não estou ali para levar informação pra ninguém Hoje entro em qualquer presídio, em qualquer facção, do Comando, do Terceiro, do ADA. E tenho um apoio porque já foi mais do que mostrado para eles a pureza do meu trabalho.




“É uma guerra, eu tenho que estar no meio disso como uma luz. Eu não tenho lado”
Pega Jesus! 

Apressados, deixamos a baixada fluminense com a família de Rogério para o culto das 18h. O caminho é longo e o assunto segue na boca de nosso motorista contratado. “Em São Paulo não tem tanta violência porque a Rota matava”, diz o homem ao volante. “O pastor vai me desculpar, mas pra mim tinha que passar fogo em muito bandido. E em políticos também.” Rogério discorda, mas não discute.
Apenas segue seus causos de evangelização em escabrosas situações. Como no dia em que ficou com sua mulher e filha entrincheirados na favela enquanto o Bope mandava bala de dentro do caveirão. “Eu me lembro, papai!”, interrompe a filhinha de 4 anos. “Nunca mais quero passar por isso”, conclui a criança puxando risos e choque nos demais.
O carro estaciona em uma favela no pé do Corcovado, onde um Cristo Redentor coberto por tapumes era reformado. Vamos a uma igreja simples, e o culto já está em andamento. Música gospel retumba ao vivo. Uma maioria de mulheres se espalha pelos bancos. E as falas dos pastores se intercalam com as canções. Até que pastor Rogério é chamado. E viramos nós, os repórteres, o tema do sermão. As testemunhas de suas andanças e conquistas. De como vimos – e vimos mesmo – Rogério aplacando com uma oração os demônios de um crackeiro em surto paranoico no meio da favela. De como vimos o evangelho – e vimos mesmo – provocando hesitação em bandidos menos, mas ainda, violentos. E de como viemos – e viemos mesmo – de São Paulo para contar aos outros de seu importante trabalho.

Sua fala sem plurais segue alta, e com a pompa e a estranha eloquência dos pastores. Mas com uma curiosa e nada usual conclusão, antes de jogar sua libertadora oração sobre as cabeças de fiéis ajoelhados defronte ao palco – repórteres inclusos. Assim falou o pastor Rogério: “É preciso estar pronto! Porque Jesus vai voltar. E Jesus vai voltar como um ladrão... ele chega, mas ninguém sabe a hora”.

Feijão quase vira caldo
Chefão do acari conta como Pastor Rogério o ajudou a largar o crime
“O Rogério era uma das pessoas que mais conversavam comigo, que mais me aconselhavam a largar o crime.” A insistência convenceu o ex-traficante Washington Rimas, o Feijão. Depois de dez anos comandando o tráfico de drogas em favelas do Complexo do Acari, no Rio, ele decidiu que era hora de parar. “Nunca pensei em ficar no crime a vida toda. Quando você é novo vive a embriaguez do sucesso. Mas as coisas mudam. Virei o chefe, ganhei responsabilidades, era procurado, virei o alvo central, perdi a liberdade.”
Feijão começou no tráfico cedo, aos 12 anos. E justifica sua escolha com o mesmo discurso – não menos verdadeiro – de muitos outros jovens. “Na favela a gente sonha muito com os bens que a televisão vende, um tênis Nike, uma roupa legal, moto, uma mulher bonita... E só vemos isso com os traficantes.” Mas, no caso de Feijão, havia um curioso motivo extra. “Meu sonho era ter uma geladeira lotada de iogurte. Lembro da mulher de um traficante que tinha uma assim, e eu cresci com aquela imagem na cabeça. Quando virei bandido, a geladeira da minha casa era cheia de Danone, pra mim aquilo era fartura.”

Há seis anos Feijão deixou o fuzil de lado. Um pouco pelas palavras do pastor Rogério, um pouco pelo nascimento de seu filho, um pouco pelo tiro de fuzil que levou em um confronto com a polícia. Agora é do AfroReggae. Conta sua história em escolas, universidades e favelas também. Assim tenta convencer outros traficantes a tomar a mesma iniciativa. E orgulha-se de ser um dos principais personagens do próximo filme de Cacá Diegues, o Cinco vezes favela – Agora por nós mesmos. Se está satisfeito com a nova vida? “Completamente. É mais um sonho que eu nunca sonhei e estou vivendo.” (CF)
Fonte: Revista Trip


Fonte: http://www.genizahvirtual.com

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ensinando o Be-a-Bá

Dr. Craig ensina ateu a usar o pensamento lógico-racional


Tá bom. Depois é a gente que viaja na maionese...


terça-feira, 20 de julho de 2010

DA CONSCIÊNCIA DE CADA UM




NOTA DE ESCLARECIMENTO

Recebi um comentário sobre o post O QUE JESUS ESCREVIA NO CHÃO ENQUANTO UMA MULHER ERA QUASE APEDREJADA? pelo blogueiro Gilmar S.C. E por se tratar de alguém que não é do meio (gospel), vi a necessidade de esclarecer alguns fatos para não deixar uma má impressão dos evangélicos.

Segue o comentário.
Olá, gostei do teu blog e dos assuntos!
Não sou evangélico, nem seguidor de nada e nem de ninguém, apenas busco assumir a da Alma que Eu Sou.

Mas, após ler o artigo, não pude me furtar de deixar algumas palavras em detrimento do absurdo que dissetes. 
A postagem é, no mínimo, contundente, preconceituosa, míope e afetada. 
Voce diz "Quanta energia é empregada em defesa de instituições, visões e pontos de vista?", no entanto, logo abaixo emenda uma frase infeliz. 
Repito, agnóstico e apolítico que sou, evito o mais que posso de julgar, avaliar e condenar isso ou aquilo. Mas, como podemos nos calar quando vemos um irmão (ã) fazendo colocações absurdas iguais às suas? 
É incrível como pessoas que se dizem "cristãos", se veem com o direito de julgar, comparar e condenar à revelia, as pessoas, as instituições e os costumes.
Mas, são os que mais demonstram sofrerem de ilusões, apegos e obtusidade, a séculos.

A maioria dos cristãos deveriam fazer um profundo exame na consciência, e detectarem a carga cármica negativa, que carregam a mais de 2.000 anos! 


Uau! Muito bom!
Tava sentindo falta de uma boa e construtiva troca de idéias.
Obrigado por ter vindo. É sempre bom receber gente nova. Tentei entrar em algum dos seus blogs para retribuir mas não achei nada ainda muito interessante que mereça uma... "paradinha" para comentar. Mas acredito que não procurei direito.
Em relação ao seu comentário, sinto-me motivado de profunda alegria em esclarecer algumas dúvidas.

Olá, gostei do teu blog e dos assuntos!
Obrigado! Ainda estou procurando algo nos seus, para poder afirmar: a recíproca é verdadeira!

Não sou evangélico, nem seguidor de nada e nem de ninguém, apenas busco assumir a da Alma que Eu Sou. 
Hmmm, que coisa, ein? Não é ou nunca foi, conhece pouco ou já freqüentou? Não acha um pouco estranho comentar sobre um assunto sem conhecimento de causa? Pensei que estivesse bem claro, no decorrer do texto, que tratava-se de um assunto acerca do povo evangélico. Poderia parar por aqui.

 A culpa é minha. Assumo! Não deveria dar margem para uma má interpretação de texto, embora acredite que um pouquinho de esforço acerca de interpretação de texto seja básico para qualquer um que aventure-se numa viagem literária.

Mas respeito sua idéia de "não seguir nada nem ninguém" (apesar desse conceito não existir na prática, pelo fato dos que não seguem nada nem ninguém seguirem seus antepassados que nunca seguiram nada nem ninguém. Ufa. Quer que desenhe?). 


Mas, após ler o artigo, não pude me furtar de deixar algumas palavras em detrimento do absurdo que dissetes. 
Imagino sua fúria subindo, seu sangue atingindo a fronte, olho esquerdo piscando fora de controle e você sendo tomado de ímpeto em prol do que acredita. Mais ou menos o que eu senti para escrever sobre o assunto. Não, to brincando, eu estava apenas chateado com algumas coisas do meio evangélico, que... bom, nem vale a pena comentar. Você não é. Não entenderia.

A não ser que... Espere, quer se tornar evangélico? Rapidinho... faço um supletivo contigo, só pra tentar te explicar algumas coisas e... ah é, esqueci. Você só está preocupado com Sua Alma.  

A postagem é, no mínimo, contundente, preconceituosa, míope e afetada. 
"Contundente". Gostei. Você entendeu que eu queria ser incisivo no assunto. Parabéns Gilmar, fez uma boa interpretação de texto agora.

"Preconceituosa"? Amigo, precisa ser mais específico. Preconceito de um evangélico para o outro? Essa realmente ficou me devendo. Foi "infeliz".

"Míope"! Uau, essa foi com gosto! Aliás, escreveu como um legítimo evangéli... ah, droga, desculpe outra vez. Caramba, essa deu trabalho. Confesso que fiquei alguns minutos tentando entender. Entender seu ponto de vista, digo.

Deixa eu tentar. Eu sou Gilmar, um cara que busca aprender e compartilhar experiências que ajude tanto a si quanto a outros serem melhores sempre (segundo seu perfil é isso, não é?)! Sou "ante" ajuntamentos, movimentos e desassociado de qualquer crença que me torne um seguidor (mesmo acreditando nas filosofias do yoga e seguindo blogs como o do Mago Excelsior Luz). Eu estou de fora. Vendo no âmbito global porém ignorante aos detalhes. Eu não entendo dos valores e crenças do meio evangélico. Apenas daquilo que ouço na mídia (embora não seja conivente com tudo o que ela afirma, afinal, não me associo). Por isso considero a postagem do "irmão" Francisco míope.

Ok. Então o que temos: Uma pessoa que está de fora, com pouca instrução acerca do assunto e que, em estando fora, opta por não adentrar e apenas preocupar-se com a Sua própria Alma.
O que é realmente míope aqui? A postagem ou a falta de bom senso?

Agora a melhor. "Afetada"! Já tentei, mas percebi que não é possível não ser afetado por nada. Me parece que os próprios pensadores, sejam ateus ou não, basearam-se em conceitos que aprenderam de outros.

Sim, confesso! Fui afetado. Por Aquele que é a Luz. Porque a luz, uma vez acendida, não pode ser colocada debaixo de uma bacia, mas precisa se manifestar, afim de que tantos outros que ainda dormem sejam despertados.

Faço uso das palavras de um nobre blogueiro ao dizer que o objetivo essencial desse despertar é trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em sabedoria, colaborar com o processo de redenção planetária, servir à luz. (Gilmar S.C, em seu blog http://despertaego.blogspot.com, na postagem O Despertar Espiritual)

Sim, precisamos ser luz como Ele É, ajudando tantos outros a serem transportados do império das trevas ao maravilhoso reino da bondade e do amor, sabendo que todo o cosmos anseia pela manifestação dos filhos de Deus, para que haja, assim, a redenção eterna. 

Voce diz "Quanta energia é empregada em defesa de instituições, visões e pontos de vista?", no entanto, logo abaixo emenda uma frase infeliz. 

A frase foi infeliz por conta de uma sensação que tive? Ou por imaginar que Ele ficaria imóvel enquanto evangélicos discutem entre si quem é o melhor nisso ou naquilo? Certo, vou tentar mais uma vez: graduação em linguagem evangélica e história eclesiástica contextual. Aulas não-presenciais, tudo on-line. É pegar ou largar! 

Repito, agnóstico e apolítico que sou, evito o mais que posso de julgar, avaliar e condenar isso ou aquilo. Mas, como podemos nos calar quando vemos um irmão (ã) fazendo colocações absurdas iguais às suas? 
Deveria julgar mais, Gilmar. Aliás, deveria julgar todas as coisas, retendo apenas o que é bom. Alguém que se diz interessado por tudo o que possa ajudar a si e a outros a serem pessoas melhores deveria discernir o bem e o mal, o certo do errado, o que é lícito e o que é inconveniente.

De fato, não deveria se calar nunca quando vir um "irmão" fazendo colocações absurdas. Portanto peço que entenda ser este o real motivo dessa postagem, acerca de colocações tão ocas como as que citei na postagem, ditas regularmente por alguns evangélicos.  

É incrível como pessoas que se dizem "cristãos", se veem com o direito de julgar, comparar e condenar à revelia, as pessoas, as instituições e os costumes.
Também acho incrível. O pior, meu caro, é que tais pessoas sabem que Deus nos deixou claro em sua Palavra que deveríamos julgar todas as situações e nunca as pessoas. Por que se alguém assim fizer será julgado com a mesma intensidade. Inclusive alertou para o absurdo que é procurar receber sentença ou julgamento de questões referentes a Igreja por meio de autoridades que nem sequer fazem parte da igreja (traduzindo: que estão de fora).

Mas, são os que mais demonstram sofrerem de ilusões, apegos e obtusidade, a séculos.
Sim. A séculos.

A maioria dos cristãos deveriam fazer um profundo exame na consciência, e detectarem a carga cármica negativa, que carregam a mais de 2.000 anos!
Sim! Essa tem sido uma de minhas orações também. Oxalá a maioria dos cristãos ponderassem consigo mesmos e não só detectassem a carga negativa, mas também deixasse para trás tal embaraço, a saber a religiosidade, que tanto impede o despertar de uma nova consciência para si e para o mundo.

E então viveríamos em paz uns com os outros, servindo Àquele que nos criou.


Caríssimo Gilmar S.C,

nós dois sabemos que o seu problema é com a pessoa de Jesus Cristo, Autor de consumador da minha fé, e que criou e mediu não só os planetas mas também todo o universo a palmos.

Resolva com Ele.



quinta-feira, 15 de julho de 2010

O que CREIO e o que "ACREDITO QUE CREIO"


Poucas vezes vi um vídeo tão significativo para minha fé. Praticamente põe em xeque o que creio e o que digo crer. Não questiono a associação da falta de obras à falta de fé, entendendo perfeitamente que a segunda é morta sem a primeira.

Me refiro justamente a toda ajuda ao próximo, desempenhada pela obrigação de provar a mim mesmo que tenho fé.

É como um sujeito falar em línguas ou evangelizar porque acredita ser cheio do Espírito Santo. Ora, aquele é cheio, FAZ porque cheio É, uma vez que o IDE é proporcional ao enchimento. A ordem contrária nada prova e pouco se aproveita.

Seja fazendo com a direita sem a esquerda saber;
Seja no meio da rua, como um samaritano bom;
Seja na porta do templo como os discípulos,

Façamos pelo que somos, não pela troca ou pela prova.

Sem mais. 
Assista o vídeo, ele fala por si só.

Vídeo postado originalmente no blog: http://pequenamostarda.blogspot.com, da Ariadne Martins.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

EPIFANIA EM TEMPO OPORTUNO



Os tempos mudaram!

É, eu sei. Não há muita novidade nisso.
Apenas para quem caiu em si e percebeu que o que era já não é. Pelo menos para si.

Cada um de nós, em algum momento, tem uma epifania a lá Homer Simpson. Aquele estalo, de arregalar os olhos e provocar moribundo olhar para o nada, mas que produz a sabedoria necessária para entender a época em que se vive.

A combinação perfeita seria o corpo de 20 anos com a mentalidade que adquirirmos dia após dia. Isso ainda não é possível. Não aqui. Mas é provavelmente o reconhecimento deste fato que nos faz perceber o quão pouco tempo possuímos para realizar, aproveitar e amar.

A epifania vem. Mais cedo ou mais tarde.
E feliz daquele que compreende no espírito, que atenta para o que é eterno, que ajunta onde não há traça e ferrugem, que exerce o amar sem parcialidade ideológica e que aproveita a breve estadia em invólucro de pele para ser importante, de alguma forma, à outros tantos.

Quanto mais cedo perceber a efemeridade das coisas, mais tenho tempo de evitar a super valorização do que não presta. É por isso que se diz ao que descobre que maus são os dias, que não ande como néscio, mas como sábio, afim de desprender do cabresto o próprio tempo.

Pense nisso!
Eclesiástes encerra o tempo como algo fixo, invariável. Já Efésios nos aconselha a remí-lo (retirá-lo, libertá-lo do cumprimento de sua obrigação). II Timóteo nos adverte a ignorar os paradigmas do tempo e pregar a palavra, longânime e doutrinariamente.

Resumindo: Embora o tempo seja uma unidade inalterável, do ponto de vista de seu trabalho e efeitos, o conselho divino é para não deixarmos que tal argumento nos torne escravos do tempo. Que para cada um de nós, ele seja o que realmente foi criado para ser: uma medida diferenciadora de épocas, estações, dias, horas, mas não o fator determinante para tomada de decisões.

O fato é que nenhuma ação é mais produtiva para gerar a consciência do por vir do que o inerente agir do Espírito Santo no ser de um homem. É Ele (e somente Ele) o persuasor do pecado, da justiça e do juízo. Para nós, que acreditamos que tal consciência é fruto se não do Seu santo agir e de uma renovação de mente, nada é mais prático do que abrir-se física e espiritualmente para que o Senhor de nossos destinos nos convença de que temos uma responsabilidade com nosso tempo.


CONSIDERE:


Sintomas de Escravização do Tempo

- Tomar decisões baseado no tempo que já não possuo. Ex: sou obrigado a trabalhar porque já não sou adolescente.

- Acreditar que trabalhar muito significa poupar tempo. Muito trabalho denota aumento nos prazos de entrega, esgotamento motivacional e pouca velocidade de resultado. Trabalhar muito não quer dizer necessariamente ter um bom aproveitamento de tempo.

- Possuir constante resistência a termos como "mudança, reformulação", considerando que tal idéia parte do pressuposto de reconhecer que algo está muito errado.



Atribuições de Bom Uso do Tempo

- Decidir com base na conscientização de que o tempo não volta atrás e que mais experiência de vida também significa menos tempo de vida.

- Distribuir tarefas com base na organização de importâncias, não nas que proporcionam boa quantidade de resultado produzido. Nem sempre poupa-se tempo no final quando o que é importante é substituído por tarefas mais fáceis e rápidas. Prioridades e urgências demandam tempo hábil associado a horários fixos.

- Compreender que é mais sadio viver com uma cultura de mudanças do que mudar de cultura a cada situação difícil que se passa. Uma vez que qualquer momento é "passível de epifanias", é mais seguro manter um preparo psicológico para quando ela chegar. Dessa forma é possível antecipar-se a algumas mudanças e não ser empurrado por elas. 




A galinha nasceu primeiro, meu caro Darwin!


Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? A dúvida que serve de inspiração para comerciais e brincadeiras até hoje está perto de ser esclarecida. Pelo menos é o que dizem os cientistas da Universidade de Sheffield e Warwich. Conclusões passadas davam conta de que seria o ovo, graças a evolução em que dois animais semelhantes (sem ser galinhas) teriam cruzado e originado um ovo que se tornaria a primeira galinha. No entanto, uma nova descoberta aponta que a galinha veio primeiro. Segundo os cientistas a formação da casca do ovo depende de uma proteína que só é encontrada nos ovários desse tipo de ave. Portanto, o ovo só existiu depois que surgiu a primeira galinha. A proteína – chamada ovocledidin-17 (OC-17) – atua como catalisador para acelerar o desenvolvimento da casca. A sua estrutura rígida é necessária para abrigar a gema e seus fluidos de proteção enquanto o filhote se desenvolve lá dentro. A descoberta foi revelada no documento “Structural Control of Crystak Nuclei by Eggshell Protein” – em tradução livre: Controle Estrutural de Núcleo de Cristais pela Proteína da casca do ovo.

Na pesquisa foi utilizado um supercomputador para visualizar de forma ampliada a formação de um ovo. A máquina, chamada de HECToR, revelou que a OC-17 é fundamental no início da formação da casca. Essa proteína é quem transforma o carbonato de cálcio em cristais de calcita, que compõem a casa do ovo. Dr. Colin Freeman, do Departamento de Engenharia Material da Universidade de Sheffield, constatou: “Há muito tempo se suspeita que o ovo veio primeiro, mas agora temos a prova científica de que, na verdade, a galinha foi a percussora.”

Para o professor John Harding, o estudo poderá servir como base para outras pesquisas. “Entender como funciona a produção da casca de ovo é interessante, mas também pode ser pista para a concepção de novos materiais e processos”, disse ele. “A cada dia a natureza [leia-se Deus] nos mostra suas solução inovadoras para todo o tipo de problema que ela encontra. Isso só comprova que podemos aprender muito com ela”, finalizou o professor.

(Fonte: O Dia)

Nota: Com todo respeito, me divirto quando vejo certezas darwinistas caírem por terra. Na verdade, é assim que a ciência deve caminhar, mas a teimosia ferrenha com que certos naturalistas defendem suas crenças é um tanto temerária justamente por causa das "revoluções científicas" (Kuhn) que frequentemente lançam por terra paradigmas darwinistas incorretos. Queria ver a expressão no rosto de alguns darwinistas com quem debati tantas vezes esse assunto. Mais: se o ovo depende de uma proteína específica para se formar (deixemos a discussão sobre a complexidade do próprio ovo para outra ocasião), como o primeiro ovo teria se formado no interior da ave? Ponto para a tese da complexidade irredutível. Quanto ao fato de a galinha ter sido criada primeiro, disso os criacionistas já sabiam faz tempo. [Michelson Borges]


Fonte: Genizah

terça-feira, 6 de julho de 2010

Novos Desafios

“O que receberá o homem que matar esse filisteu e salvar a honra de Israel?”
I Samuel 17:26


O que faz de um desafio algo tão atrativo é a sua recompensa. Não há como fugir disso. Se há diversidade de desafios, há também possibilidades e compensações, provando que todo risco deve ser medido pelo quão importante é atingir o resultado.

Observe com atenção a justificativa implícita na pergunta feita por Davi:

“O que receberá o homem que matar esse filisteu e salvar a honra de Israel? Pois quem é esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?”

Davi acreditava que o juízo de Deus viria implacavelmente sobre todo aquele que, em não possuindo aliança com o Eterno, o afrontasse. O que significa dizer que, o fato de Golias continuar vivo, após quarenta dias de ultraje, evidenciava o desejo do Senhor de usar um homem como instrumento e, por conseguinte abençoá-lo.
 
Nem todo desafio é uma oportunidade. Se assim o fosse, relacionamentos não acabariam e empresas não faliriam. A grande questão da vida resume-se em aproveitar as oportunidades certas e não a primeira que aparecer.
 
Por isso, o bom desafio é aquele que carrega consigo porções de oportunidades.
 
Pode parecer complexo, mas um simples esforço em busca do entendimento sadio de um desafio já traz bons resultados.
 
Se você (assim como eu) está com um acúmulo de projetos e novos desafios que dobram de tamanho ou se perdem a cada início de ano, aqui vai uma dica.
 
O quadro abaixo demonstra como algumas perguntas acerca de si mesmo e de suas possibilidades podem facilitar a compreensão e evitar futuros arrependimentos.


Dessa forma fica um pouco mais fácil organizar-se e perceber se existe ou não a necessidade de encarar novos desafios no atual momento.



Francisco Sales