quinta-feira, 7 de abril de 2011

Analfabetismo funcional e evangelho: Apenas uma teoria



Por Daniel Clós Cesar

Eu tenho uma teoria. apenas uma teoria... não doutrina. Posso?

Minha formação acadêmica é de professor (o que não é grande coisa no Brasil, eu sei disso). Hoje já não atuo mais como docente, mas na coordenação acadêmica em um Instituto Federal, que por ser federal, dispõe de muitos recursos que outras instituições públicas (estaduais e municipais) sequer imaginam ter, mesmo na próxima década. Mas também trabalhei em lugares bem mais, digamos, acanhados... e por isso, apenas por isso e mais um monte de leitura especializada que me apoia... posso pensar nessa teoria.

O problema fundamental da igreja (as pessoas que são corpo), certamente é o afastamento do Evangelho apostólico para um evangelho humanista. Mas, junto a isso, outros problemas são associados.

Pesquisas brasileiras, apontam que 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais (você pode ler sobre estas pesquisas clicando aqui e aqui, não as tirei da minha cabeça). Trocando por números mais palpáveis, significa que a cada 4 brasileiros, 3... sim, TRÊS, são analfabetos funcionais (em diferentes graus, é claro). Isso significa também, que dos 190 milhões de brasileiros, 142 milhões são analfabetos funcionais.

Ora... mas o que isso cara pálida?

O analfabeto funcional é uma pessoa que consegue decodificar os sinais (letras), ler frases, textos e palavras, mas, não consegue interpretar. Falta-lhe a habilidade de interpretação de textos, que adiquire-se com a prática da leitura e aprofundamento de estudos, duas coisas pouco usuais na sociedade ocidental tupiniquim. Lê-se pouco e investe-se mais em cirurgia plástica que em educação.

Assim, não por culpa deles... mas do ensino no Brasil que é precário... e dependendo das cidades, longe dos grande centros urbanos, tal analfabetismo atinge inclusive o ensino privado. A maioria dos professores brasileiros possuem apenas a formação básica de sua profissão (graduação), e milhões de brasileiros sabem ler, mas não entendem o que lêem.

O mesmo ocorre dentro da igreja, afinal, são os mesmos brasileiros. A Bíblia tornou-se chata, cansativa e complicada. Sim, isso é falta de uma vida espiritual e sim... isso é apostasia... mas também, menos importante mas com alguma importância... líderes evangélicos descobriram que não é preciso se dedicar muito ao estudo da Palavra e no conhecimento do Santo Deus, porque seus seguidores também não o fazem... pelo contrário, esperam que alguém faça por eles... esperam que outro decodifique e interprete.

Desse modo, a pregação ilustrada com muitos contos humorísticos, fatos do cotidiano, performances e malabarismos, "atingem" objetivos que um pregação fundamentada na Palavra não atingiria... pois poucos entenderiam o que se diz.

Esse texto não é... e também é ao mesmo... uma auto-defesa. Nós que regularmente escrevemos e publicamos textos na internet percebemos, a cada dia, uma piora no fazer-se entender. A cada texto que escrevo, percebo a constante necessidade, não de adaptar o texto, mas de construí-lo de forma que o que escrevo possa ser entendido por qualquer um... por este motivo é que não uso o twitter, por exemplo, pois numa sociedade assim, 144 caracteres me parece, como educador, algo absurdo.

No entanto... suspeito... que muito em breve, 144 letras serão muito... e nos comunicaremos apenas com algumas onomatopéias.

Maranata Jesus!


***
Daniel Clós Cesar é professor de história, missionário e colunista (sem twitter) do Púlpito Cristão

4 comentários:

  1. O analfabetismo funcional é um problema. Isso é incontestável. Todavia, é preciso classificá-lo, de forma a identificar até que ponto atinge os brasileiros.

    Dizer que 142 milhões de brasileiros são analfabetos funcionais, nos moldes da conceituação informada na postagem, é precipitado.

    A pesquisa do Ibope sobre analfabetismo funcional é de 2005, portanto, não é um referencial para a atualidade. Não sabemos também como, de fato, se estruturou a pesquisa do Ibope. Foram feitos testes para se chegar aos números indicados? Que tipo de texto foi utilizado para aferir o grau de alfabetismo? Quais foram os profissionais envolvidos nessa pesquisa?

    O fundamento do cristianismo é a Bíblia. Uma pregação evangélica utiliza fundamentalmente a Bíblia, isso é fato. Diversos versículos formam a base da pregação. Até onde sei, essa é a via de regra.

    Um líder sério sabe da sua responsabilidade e irá procurar entender e interpretar a Bíblia para melhor influenciar os fiéis.

    Uma pesquisa interessante seria aquela que avaliasse o grau de instrução dos pastores evangélicos. Mas acredito que muitos têm buscado se qualificar e melhorar a pregação.

    Quero deixar claro que não sou evangélico e não estou em defesa de ninguém. Apenas estou debatendo a "teoria" e as bases pelas quais ela se fundamenta.

    Quanto ao Twitter, entendo que há diversos níveis de linguagem. O microblog é para passar informações concisas, de forma bem célere. Essa é a essência, portanto, é perfeitamente possível se adequar a isso, sem estigmas.

    Com a brutal quantidade de informações que são disponibilizadas em diversos meios de comunicação, acredito que naturalmente novas formas de linguagem estão surgindo. Mas, certamente, devemos nos preocupar quanto a qualidade dos textos e quanto a formação dos emitentes.

    Paz e felicidade,

    Bruno Borges Borges
    brunoborgesborges.blogspot.com

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  2. Obrigado pelo comentário Bruno. Toda opinião é bem vinda uma vez que desperte o senso crítico e de alguma forma ajude as pessoas a se posicionarem para algum dos lados.

    Gostei do texto do Daniel. Agora coloco o seu em pauta também.

    Abç!

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  3. Oi, Sales,

    Através do debate, construímos nossas opiniões.

    Grande abraço,

    Bruno Borges Borges

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  4. Hum... Adorei o texto, concordo em tudo, inclusive no excesso de alguns pastores nas suas pregações e principalmente, gostei muito de encontrar um blog com conteúdo tão interessante, não apenas para ver imagens.

    Abraço.

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