terça-feira, 24 de maio de 2011

O Grito Evangélico e a Voz do que Clama no Deserto



Ao calor do sol não há nada de novo. A exemplo do que antes foi, hoje também existem pessoas semelhantes a João Batista. Elas se fazem necessárias porquanto sempre haverá Herodes e Herodias.

Herodes é símbolo de um poder autoritário, que manda e desmanda em benefício apenas do próprio umbigo, enquanto Herodias representa, com toques teatrais, uma classe da sociedade que sussurra aos ouvidos do Tetrarca sobre tudo o que este deve fazer e em especial, a respeito dos seus interesses. Dois atores na melindrosa dramaturgia real de nosso país.

Dessa forma Herodes é apenas a fachada de uma autoridade há muito destituída, que mantém pose e postura. É o famoso pau mandado, acenando e interpretando enquanto sua mulher, diga-se de passagem que era esposa de outro, dita as regras do jogo.

Que governo e governantes mantêm fornicações não é filme inédito. Mas quem dera a depravação permanecesse apenas em família. O que acontece, entretanto, é o alongamento das sandices herodianas por todos os lugares onde estes metem o bedelho.

 Mas graças a Deus que ainda existe João Batista atormentando o sossego do Poder e da Classe que operam na surdina, aprovando e desaprovando na calada da noite, fora dos holofotes.

Resta a João Batista nos dias de hoje ser o que nasceu para ser: a voz! Se cada um desejar ser apenas mais um eco da voz, da voz que diz “endireitai os caminhos no deserto”, sim, NO DESERTO, porque nos palácios há coceira nos ouvidos tamanha que a maioria acha melhor se fingir de surdo, aí sim, essa voz se fará audível e incômoda até nas recâmaras dos que governam. 

O grito evangélico será ouvido no dia 1º de junho. Podem ignorar ou entremear falsas notas, mas ouvirão.

Torço para que o grito não seja institucional. Torço para que não haja disputas internas de poder e acima de tudo torço para que, assim como foi em volta de Jericó, a força não esteja no grito, mas na causa.

Manifestemo-nos, mas sem esquecermos do clamor. Do clamor que acontece no deserto mesmo. Porque é o deserto que precisa ser modificado. Pare de desejar habitar nos palácios e pense um pouco no deserto. Construa no deserto a estrada reta, porque o Senhor está vindo. E quando Ele chegar, não haverá mais vales nem montanhas. Tudo será aplanado. Uma coisa só, diante dos olhos que tudo veem.

 Uma voz ordena: "Clame". E eu pergunto: "O que clamarei?" "Que toda a humanidade é como a relva, e toda a sua glória como as flores do campo. - Is 40:6

 Dizer que somos como relva é afirmar o quão passageira é essa vida. É dizer: Herodes, você não é eterno! Sua ascensão é igual o aflorar de um jardim e quando você menos esperar estará prestando contas a Deus.

A voz precisa ecoar.
Mesmo que nos custe a cabeça.



F. Sales,
em 20.05.11, uma sexta-feira chuvosa, um dia antes do "fim do mundo".



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